• 06 nov 2017
Gosto se discute? Semana passada 3 imagens chamaram a minha atenção: a capa do novo álbum da Björk “Utopia”, o autorretrato da fotógrafa norte-americana Nan Goldin após ser espancada por um ex-amante e a capa da Veja SP, com a estilista e milionária Andressa Salomone. Björk continua trilhando sua cruzada experimental em busca de uma estética inovadora, sem se importar a mínima com os conceitos tradicionais do que é considerado belo. Nan Goldin, que esteve em São Paulo para dar uma palestra no Instituto Tomie Othake, ficou conhecida por fotografar drag queens, junkies, gays e ex-amantes em momentos de grande intimidade. Sua obra radical também desafia o conceito de beleza. Finalmente, a socialite Andressa Salomone, fotografada vestindo um moletom com brilhos e monogramas inspirados nela mesma, é em si um desafio ao “bom gosto” fashion. Seguindo essa linha de pensamento: a playlist de hoje é uma homenagem às artistas (mulheres, drags ou trans), que desafiam os padrões: de gênero, da estética fashion e do bom gosto. Como disse Diana Vreeland, a mítica editora da Harper’s Bazaar e da VOGUE: “Todos nós precisamos de um pouco de mau-gosto. Sou contra quem não tem nenhum gosto.”
Pabllo Vittar feat. Mateus Carrilho – “Corpo Sensual”: a top-drag Pablo é o maior fenômeno pop do momento. Seus looks esbanjam sensualidade neste clipe, dirigido pela dupla Os Primos (João Monteiro e Fernando Moraes), que traz alguns elementos de gosto duvidoso.
Amanda Lepore – “Cotton Candy”: musa do fotógrafo David Lachapelle, a veterana drag Amanda Lepore, é um ícone na noite de Nova York. Sua busca pela perfeição estética, a transformou numa espécie de Marylin Monroe cyber.
Anitta feat. Alesso – “Is That For Me”: Anitta é uma unanimidade nacional, mas o que dizer dos looks que a stylist Yasmine Sterea criou para o clipe de “Is That For Me”, dirigido por Manuel Nogueira?
Lady Gaga – “Born This Way”: Lady Gaga pode ter nascido assim, mas seus looks extremos sempre causam furor e comoção no mundo fashion. Ame ou odeie, quem conseguirá esquecer um dia seu look com um vestido feito de carne crua, criado pelo estilista Franc Fernandez e encomendado pelo stylist Nicola Formichetti?
Dead or Alive – “You Spin Me Around”: Pete Burns, o líder do Dead or Alive, foi um dos artistas ingleses surgidos nos anos 1980, que mais levantaram a bandeira trans. Nos anos 2000, ele passou por várias cirurgias plásticas até ficar praticamente irreconhecível e se tornar uma estrela da TV no Big Brother.
Nicki Minaj feat. Lil Wayne – “High School”: Nick Minaj é mais uma que não está nem aí para os padrões tradicionais de bom-gosto, como dá para ver neste clipe de High School, dirigido por Benny Boom.
Mc Linn da Quebrada – “Enviadescer”: com suas letras de alto teor sexual e atitude abusada, a MC Linn da Quebrada é uma das maiores ativistas do movimento LGBTQ no Brasil, hoje em dia. Multicolorida, ela quer enviadescer o mundo: ainda bem!
Banda Calypso – “Me Beija Agora”: Joelma, assim como Andressa Salomone, não tem medo de ser feliz, autêntica e por que não brega? A Banda Calypso é um clássico do gosto duvidoso no Pop brasileiro.
Katy Perry feat. Nicki Minaj & Gretchen – “Swish Swish”: outro ícone made in Brasil que não tem medo de ser feliz e de flertar com a cafonice é a eterna Gretchen, que ganhou recentemente uma nova carreira como “meme” da internet e quebrou tudo após sua participação no lyric video da diva Katy Perry. Swish Swish, Bish!
Divine – “Shoot Your Shot”: uma das drag-queens mais icônicas de todos os tempos, Divine foi um dos melhores exemplos de que beleza e bom gosto são conceitos bastante elásticos e que devem ser sempre discutidos. Divine quebrou todos os tabus, sem nunca perder a elegância.
https://www.youtube.com/watch?v=ExL6GxFWpiE
Por Duda Leite
Em 06 de novembro de 2017