• por duda leite,19 nov 2021
Em 2014 recebi mais um desafio da Lia Vissotto (diretora e curadora do m-v-f-) para fazer a curadoria de uma exposição dedicada ao fotógrafo inglês Mick Rock, também conhecido como o homem que fotografou os anos 1970. Fui à Nova York gravar um depoimento com ele – que fazia parte da exposição – e acompanhar pessoalmente as impressões das fotos selecionadas.
Foi um encontro mágico. Algumas semanas depois, Mick veio à São Paulo para a abertura da exposição no MIS SP durante a segunda edição do m-v-f-. A cenografia da exposição – criada por Felipe Morozini – recriava quartos imaginários de um hotel londrino decadente, cheio de charme e rock’n’roll. A exposição se chamava “LET’S ROCK”, e trazia alguns dos clicks mais emblemáticos de Mick, cujo sobrenome era de fato ROCK.
Além de ter fotografado as figuras mais importantes do Glam Rock britânico dos anos 1970, como David Bowie, Syd Barret, Freddie Mercury e sua banda Queen, Rock também esteve presente no surgimento da cena Punk/New Wave em Nova York. A lista de artistas icônicos que passaram pelas suas lentes mágicas inclui seu amigo Lou Reed, Debbie Harry, Talking Heads, Ozzy Osbourne, Iggy Pop, Nico, Bryan Ferry, entre muitos outros.
Como se isso não bastasse, Mick também dirigiu alguns dos videoclipes mais importantes da história, como “Life on Mars?” de Bowie – que atualmente faz parte da coleção do MoMA, em Nova York, além de “John, I’m Only Dancing”, “Space Oddity”, e “The Jean Genie”, todos de Bowie.
Tive a honra de fazer um talk surreal e psicodélico com Mick no auditório do MIS, onde ele, sempre generoso, contou histórias saborosas sobre os bastidores das suas produções, além de seu amor pela poesia, principalmente Rimbaud, seu ídolo. Quem teve a sorte de estar lá, vai se lembrar para sempre.
Mick Rock partiu para a outra dimensão ontem, aos 72 anos. Keep rocking, mick Rock!
Entrevista de Mick para o G1, na ocasião em que ele estava no Brasil para lançar a exposição e participar do m-v-f-.