• por lia vissotto,05 jun 2023
foi com “zombie”(2019) que baloji entrou no nosso radar. mais que um clipe, o curta é uma viagem entre a esperança e a distopia numa Kinhsasa (capital da República democrática do congo e cidade natal do diretor) alucinada, da cultura dos penteados à futurística discoteca, do caos urbano à glória de um ditador em campanha (Papa Bollo). um faroeste moderno com um figurino arrematador, incluindo adereços e máscaras que se tornaram presença obrigatória nos clipes (especialmente os brasileiros) desde então. o tema central do curta (e da música – baloji também é cantor e compositor) é a cultura da selfie e nossa dependência da imagem digital.
mas foi no recém encerrado festival de cannes que baloji consagrou seu talento, ao arrematar o prêmio “Nova Voz” da selecção un certain regard do prestigiado festival francês, com seu primeiro longa, “augure”. com um elenco que traz representantes da Costa do Marfim, ruanda e da Republica democrática do congo, além de uma atriz belga-francesa (baloji é radicado na belgica), que interpretam personagens consideradas bruxas e feiticeiros envolvidos em um enredo que explora a superstição, a tradição e as relações familiares locais, augure é uma ode à uma África fantástica, uma obra eloquente para tempos atuais.
nós do m-v-f- tivemos a chance de compartilhar um pouco do talento de baloji no processo de criação de seus trabalhos, no talk “representing the global south in the creative industries”, da série music video social club, realizada em 2020 em parceria com o ukmva. o talk online contou ainda com a participação de rico dalasam e xênia frança. o conteúdo, legendado, está disponível aqui.